Quarenta anos passaram desde a
célebre madrugada de 25 de abril de 1974. Salgueiro Maia, um dos heróis de
abril (para mim o principal), hoje quase esquecido, não fosse o município de Santarém
lhe ter erguido uma estátua, as gerações do pós 25 de abril nem saberiam quem
ele foi.
O golpe, para derrubar o regime,
para muitos dos envolvidos, era mais um entre muitos que haviam falhado.
Salgueiro Maia seria “carne para canhão”. Possivelmente, alguns dos que hoje reivindicam falar
nas cerimónias na Assembleia de Republica, não acreditavam no
sucesso do golpe.
Esses, para bem do país, poderiam ter
feito como o Almirante Cândido dos Reis em 1910, quando pensou que o golpe, para
derrubar a monarquia, tinha falhado, suicidou-se.
A determinação e coragem de Salgueiro Maia estão patentes nas palavras que proferiu, naquela madrugada, para os subalternos e que sito: “Meus senhores, como sabem, há diversas modalidades de Estado. Os sociais, os corporativos e estado a que chegamos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegamos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto.”
Daquilo que li sobre Salgueiro
Maia, fiquei com a imagem de um homem determinado, teimoso, vertical, humano, honesto,
duro e incapaz de tirar benefício pessoal daquilo que fazia.
É sua a frase: “O compromisso
para fazer o 25 de abril, que assumi perante os meus homens, foi que daí não
resultaria poder pessoal. Portanto, o 25 de abril também não iria fazer para os
militares ficarem no poder. E eu em especial.”
Nos meses que se seguiram ao
golpe, recusou ser comandante da Escola prática de Cavalaria, integrar o
concelho da revolução, ser adido militar numa embaixada e governador civil em Santarém.
Um dos seus camaradas, Tavares de
Almeida, que o acompanhou em quase todos os movimentos na madrugada de 25 de abril de 74, relata
o seguinte: “Maia é incansável, não come, não bebe e está vinte e quatro horas
sem parar um minuto sequer. Verdadeira máquina de guerra, preparado para toda e
qualquer circunstância, assume permanentemente um papel de líder, mas sem que,
para tal, alguma vez adopte uma postura arrogante ou individualista.”
Relatos de camaradas seus, dizem que, quer em Moçambique quer na Guiné, ao serviço das tropas portuguesas, desempenhou sempre os cargos que ocupou com valentia e determinação, mesmo já por fim, quando já punha em causa os objectivos da guerra, não deixou de desempenhar as funções que lhe foram atribuídas.
Relatos de camaradas seus, dizem que, quer em Moçambique quer na Guiné, ao serviço das tropas portuguesas, desempenhou sempre os cargos que ocupou com valentia e determinação, mesmo já por fim, quando já punha em causa os objectivos da guerra, não deixou de desempenhar as funções que lhe foram atribuídas.
Passou a ser uma pessoa incómoda para muitos, sendo inclusive apelidado de arrogante e vaidoso. Recusava constantemente dar entrevistas, dizia que não as dava porque tudo o que dissesse seria considerado afronta. Aos poucos foi sendo posto à margem dos cargos militares o que lhe proporcionava muitos tempos livres. Foi nessa época que concluiu duas licenciaturas, uma em Ciências Politicas e Sociais e outra em Ciências Antropológicas e Etnológicas. Já com as duas licenciaturas concluídas, é destacado para Santarém, não para a sua Escola Prática mas para o presidio militar, onde presou serviço. Anos mais tarde, disse sobre esta passagem: “Continuei a cumprir pena sem saber porque fui condenado.”
Foi com o General Ramalho Eanes, como Presidente da Republica, que Salgueiro Maia voltou a ser tratado com a dignidade que merecia. A condecoração com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade foi o início de um novo ciclo. Após este momento, foi frequentar o curso Geral de Comando e Estado-Maior no Instituto de Altos Estudos Militares. Veio, depois, a chefiar a secção de logística da escola Prática de Cavalaria.
Em 1989 descobre que tem um
cancro nos intestinos, convive com a doença durante alguns anos e, enquanto
pôde, escondeu a doença à família. “Homens grandes como Salgueiro Maia deviam
morrer não de um cancro qualquer, mas de pé, fulminados por um raio.” Escreveu Fernando
Assis Pacheco, jornalista na época.
Faleceu a 4 de abril de 1992, nessa altura era Tenente-Coronel.
Faleceu a 4 de abril de 1992, nessa altura era Tenente-Coronel.
A História de Portugal é rica em
personagens corajosas, que se bateram por valores e princípios, como foram D.
Afonso Henriques, D. Nuno Alvares Pereira, Infante D. Henrique, Luís de Camões,
Sidónio Pais, entre outros. Salgueiro Maia está, sem dúvida, ao nível de
qualquer um deles.
Fontes: Wikipedia e Duas Faces da QuidNovi- Edições e Conteúdos, S.A.
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