quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

As empresas públicas não são cobaias para enriquecimento curricular, e sabe-se lá de mais o quê, dos políticos.

E os estaleiros de Viana? Ui, aquilo anda quente! Mais de 600 trabalhadores convidados a sair. Fala-se que menos de duzentos serão novamente contratados… É estranho, muito estranho!
É sabido que a Martifer ficou, há já alguns anos, com a concessão de uma outra empresa do ramo em Aveiro, a Navalria, S.A.. Concluo que a Martifer já terá alguma experiencia na área, logo saberá porque necessita de cerca de duzentos e não seiscentos trabalhadores.
Preocupa-me os quatrocentos trabalhadores que ficarão sem trabalho. Ao mesmo tempo pergunto se, até hoje, terá havido trabalho nos estaleiros para toda esta gente. Seriam todos necessários? Não sendo, porque é que ainda lá estavam? Quando foram contratados eram mesmo necessários? Como entraram para os quadros da empresa. Terá havido concurso de admissão? Ou terá sido, como em muitas outras ocasiões, em que se entrava porque o chefe é amigo da família? Também, se assim fosse, não seria caso único no país.
Se a Martifer ficou com a concessão dos estaleiros, não será, certamente, para perder dinheiro. Será com certeza para produzir e para rentabilizar.
Parece-me que os Estaleiros de Viana são mais uma entre muitas empresas do Estado, onde não foram feitos os rastreios na devida altura e agora a doença é maligna.
Pelo que me dá a entender, nas empresas públicas, nunca foi preocupação dos gestores saber se as empresas eram rentáveis ou não. Casos como RTP, PT, CP, TAP, EDP, Estaleiros, Metro, Transtejo, entre muitas outras, são disso exemplo. Casos de autênticas sague-sugas, sumidoras do erário público. Gestores que se auto promoviam, que se auto avaliavam, que definiam os seus próprios vencimentos e os mais variados prémios a si o por si atribuídos. Alguns sentiam-se como “Alice no país das maravilhas”.
Sempre defendi que quanto menos Estado gestor nas empresas, melhor para todos. Pelo menos da forma que as coisas têm sido feitas, com cargos de chefia de nomeação politica. Basta nas campanhas abanar umas bandeiras e já se tem um poleiro. Pessoas sem experiência nenhuma na vida empresarial postas em Conselhos de Administração, ou como executivos nas empresas do Estado deu no que deu. Prejuízos acumulados ao longo dos anos sem que o Estado fizesse nada, ou melhor, fez, injetou dinheiro para cobrir os prejuízos que os seus protegidos boys iam acumulando. Grande festa, os gestores erravam o Estado injetava. Alterava o Governo, alteravam-se os cargos de nomeação nas empresas e tudo continuava na mesma.
Nunca houve coragem para mudar, para mostrar alguma sensatez nas decisões dos gestores.
É necessário parar com as nomeações políticas nas empresas onde o Estado tem participações. As empresas não são cobaias para enriquecimento curricular, e sabe-se lá de mais o quê, de políticos. É necessário deixar que os quadros internos das empresas sejam motivados pela aspiração aos lugares de chefia. Eles são quem melhor conhece as empresas e o ramo de negócio.

Não vejo, nos atuais políticos, capacidade para fazer de Portugal um país atrativo para investidores estrangeiros, para fazer de Portugal um país respeitado, para por as contas públicas equilibradas. Quando falo dos atuais políticos não me refiro apenas ao Governo, falo de todas as bancadas da Assembleia da República. O país precisa de gente séria e de trabalho que não procure o estrelato, mas sim o bem-estar de todos. Não precisamos de oposições que o são apenas por serem. Precisamos de oposições que quando tiverem de estar ao lado do governo lá estejam. Que ponham a Nação acima de tudo. Precisamos de governos que reconheçam quando erram, que deem razão à oposição quando ela merece.
Nada disto acontece e todos sabemos porquê. Os olhos dos políticos estão sempre postos nas eleições, há que agradar ao eleitorado. Uma medida impopular do Governo, mesmo que necessária, é sempre uma arma para a oposição. O mesmo acontece quando a oposição faz uma proposta válida, necessária a Portugal. O Governo não a aceita porque seria dar parte de fraco, seria mostrar ao seu eleitorado que as suas ideias esgotaram-se, ao mesmo tempo, se a proposta da oposição fosse aceite pelo Governo, seria mais uma vez aproveitado pela própria oposição para dizer que eles é que têm ideias para salvar o país e assim provocar uma onda de insatisfação para com os Governo. Mediocridade, é disso que falo.
O povo já se apercebeu disto, a prova está na cada vez maior abstenção nos atos eleitorais. Não tardará muito tempo em que teremos governos eleitos com percentagens muito abaixo dos cinquenta por cento. Que legitimidade terá um governo eleito por menos de metade dos eleitores? – … não sei responder!

Não vejo os políticos preocupados com isto, como não os vejo preocupados com muitas outras coisas, como é o caso da baixa taxa de natalidade. Este é um assunto que me preocupa bastante. Destruiu-se o pouco que havia para incentivar a natalidade. Dentro de poucos anos sofreremos pelos erros agora cometidos. O tempo o dirá.