sábado, 7 de janeiro de 2017

Morreu Mário Soares

Com a notícia da morte de Mário Soares, lembrei que, em tempos, comprei dois livros escritos por Maria João Avillez sobre esta figura incontornável da democracia portuguesa. Estes livros, tal como a autora diz, registam uma longa conversa, varias vezes interrompida, ao longo de mais de um ano.

Fui procura-los na estante e lá estavam. Tenho por norma escrever na primeira página dos livros, a data em que os comprei e a data em que os li. Estes dois livros foram comprados em Maio de 1996 e lidos nesse mês e no seguinte. Outro hábito que tenho é tomar notas daquilo que acho mais interessante nos livros que leio. Fui encontrar, nestes dois livros, algumas anotações que fiz a quando da sua leitura. Uma das mais interessantes que encontrei foi uma resposta de Mário Soares à pergunta – …Porque tinha tolerado a “esquerdismo” num dos seus governos… a esta pergunta Mário Soares respondeu: “É sempre fácil fazer criticas a posteriori. Mas as realidades mudam em cada momento, e as ideias, como as próprias palavras, evoluem. Em política, às vezes, importa saber esperar para que as coisas amadureçam e se nos imponham como uma evidência. Ter razão antes do tempo certo é perigoso em política, como na vida. Por isso, é sempre errado avaliar os tempos ou as situações passadas com a óptica ou as opiniões de hoje.”


Numa resposta a uma pergunta sobre as suas vitórias e as suas derrotas, Soares responde: “A diferença que há entre um homem político e um moralista é que, face a uma Revolução – era disso que se tratava -, o homem que se move por meras atitudes morais demite-se, á primeira contrariedade, ao fim de quinze dias. Assim que depara com uma dificuldade maior, demite-se! O autêntico homem político vai fazendo a sua caminhada, sem renegar as suas convicções e sem jamais transigir no essencial…”