sábado, 27 de junho de 2015

Momento de pesar!

Faleceu João Luís Inês Vaz, um político, um homem da cultura. Foi Governador Civil de Viseu, professor do ensino superior, arqueólogo, escritor, entre tantas outras coisas. Não serei a melhor pessoa para falar do seu percurso profissional e particular, o meu relacionamento com o doutor era muito recente.

Conheci-o,como figura pública há alguns anos atrás. Penso que terei ouvido falar pela primeira vez nele quando foi Governador Civil (finais da década de 90, penso eu). Sempre ligado, ideologicamente, ao partido socialista, ocupou vários cargos no distrito. Nas últimas eleições autárquicas, integrou a lista à Junta de Freguesia de São João de Lourosa pelo PS, ocupando o segundo lugar da lista. Confesso que para mim foi uma surpresa muito grande quando tomei conhecimento deste seu ato. Um homem com um percurso politica e académico tão grande, integrava agora uma lista candidata á Junta da qual eu fazia parte e era novamente candidato. Aqui se vê a humildade e a vontade de servir que o doutor Inês Vaz tinha.

Confesso, também, que de início não simpatizava com ele. Tinham havido umas situações pouco próprias durante a campanha … se bem que nunca com ele! Fomos, os candidatos pelo PSD, ameaçados com processos em tribunal por uma dita advogada, filha do cabeça de lista pelo PS, que eu não conhecia de lado nenhum, nem tive gosto em conhecer. Ainda hoje aguardo serenamente ser chamado a tribunal! (bom, mas não é disto que quero escrever, um dia o farei)

Deram-se as eleições, e voltamos a ganhar com maioria absoluta. O doutor Inês Vaz, foi eleito para a Assembleia de Freguesia. É aqui que começa o nosso contacto, ainda que esporádico, com ele. Ao longo das sessões da Assembleia, fui-me apercebendo que era uma pessoa com um enorme caracter e uma cultura muito acima da média. Comecei a admira-lo e gostar de falar com ele. Achava, também, que tinha um sentido de humor muito refinado.

No mês passado, a quando da visita do Sr. Bispo à nossa freguesia, houve um almoço onde estiveram presentes, o executivo da Junta, os Membros da Assembleia, o Sr. Padre Luís Miguel e o Sr. Bispo D. Ilídio Leandro. A determinada altura do almoço, o doutor Inês Vaz disse que era natural do Soito, no concelho do Sabugal. Ao ouvir isto, eu, que conheço relativamente bem o concelho do Sabugal, disse-lhe que conhecia a sua terra e que, em jeito de brincadeira, já tinha sido muito feliz no Soito. Ao que ele me respondeu: - “Não me diga que conheceu as minhas primas?!”-  Achei a resposta engraçada e com muito humor.

Hoje, dia 25, tínhamos marcado uma Assembleia da Freguesia às 21 horas. Esperava, no fim desta Assembleia, falar com ele, pedindo-lhe que me orientasse na pesquisa da vida do escritor Antero de Figueiredo, nascido em 1866, e que, terá as suas origens na Nossa Freguesia, concretamente em Rebordinho. Pretendia determinar onde era a casa dos familiares para que a Freguesia prestasse a devida homenagem a tão ilustre escritor.

Infelizmente, o doutor Inês Vaz, partiu antes de lhe pedir ajuda …

quarta-feira, 10 de junho de 2015

"Se Isto é um Homem"

Aproveite o dia de hoje, 10 de junho de 2015, feriado nacional, para dedicar mais tempo à leitura. Tenho por hábito todos os dias ler, mas hoje li durante mais tempo. Comecei há dias a ler (terminei hoje) o livro de Primo Levi “Se Isto é um Homem”.

O livro, escrito na primeira pessoa, relata a vida de um judeu italiano, que é preso durante a segunda guerra mundial e enviado para um campo de concentração nazi (Primo Levi esteve preso 11 meses). Primo Levi sobrevive aos maus tratos, à fome, ao frio, às doenças e ao trabalho árduo até à chegada das tropas russas. Ao longo do livro os relatos são arrepiantes, a forma como o autor descreve cada momento passado é de uma intensidade incrível. 

Diz, a determinada altura, sobre os sonhos dos prisioneiros: “Não se deve sonhar: o momento de consciência que acompanha o acordar é o sofrimento mais intenso. Mas não nos acontece muitas vezes, e os sonhos não duram muito tempo: mais não são do que animais cansados.”

A forma irónica como descreve algumas passagens é, ainda que no meio de todo o terror de um campo de concentração, bastante cómica: “Mordo os lábios com força; todos sabemos que provocar uma pequena dor estranha serve de estímulo para mobilizar as reservas extremas de energia. Também os Kapos o sabem: alguns batem-nos por mera malvadez e violência, mas outros há que o fazem quando estamos debaixo da carga, quase como amabilidade, acompanhando as pancadas com exortações e encorajamentos, como os carroceiros com os cavalos zelosos.”

...


Este livro marcou-me!