quinta-feira, 17 de abril de 2014

Fins de semana à tarde

Num destes sábados, à tarde, resolvi não fazer nada e sentar-me em frente à televisão para ver o que elas tinham para me oferecer. De zapping em zapping, ia sempre dar ao mesmo, os três canais de sinal aberto estavam em sintonia. Todos passavam programas muito semelhantes com apresentadores, na minha opinião, um pouco “apimbalhados” e que passavam o tempo a pedir para as pessoas ligarem para um tal numero (706 qualquer coisa) que, ao que parece, anda a ser uma boa fonte de receita para as televisões. Anunciam, que a pessoa que for sorteada será contemplada com uns milhares de euros.
Pelo que percebi, estes programas têm dois momentos. Um em que um artista canta e outro em que um apresentador pede, ou melhor, implora para que liguem para o número de telefone. Estes dois momentos vão alternando ao longo do programa e assim se passa uma tarde. (Não a minha porque ao fim de meia hora estava farto do programa e mudei para um canal informativo). Num dos canais, o apresentador, fazia o pedido para ligarem de uma forma tão sofredora e apelativa, que me pareceu estar, o trabalho dele, dependente do número de telefonemas que conseguisse nessa tarde.
Fiquei tão preocupado com a programação das televisões que, no dia seguinte, domingo à tarde, por curiosidade liguei a televisão e fui ver o que estava a dar. Apenas tinha mudado o cenário (agora ao ar livre), o género era o mesmo. Um cantor logo seguido dos apresentadores a pedirem, para as pessoas ligarem.
Não consegui contar a quantidade de vezes que ouvi os apresentadores dizerem “ligue para o numero ….., ligue agora”, “não deixe fugir esta oportunidade”,…. Passaram o programa, pelo menos enquanto eu estive a ver, a dizer a mesma coisa.
Dei comigo a pensar no ponto a que chegou a programação das televisões em Portugal. Que pensará o Júlio Isidro ou o Fialho Gouveia (ainda que noutro mundo) sobre a programação atual das televisões portuguesas que emitem em sinal aberto? Não querendo ser saudosista, recordo os programas das tardes de sábado e domingo de alguns anos atrás, com os apresentadores que referi e outros.
Será, este tipo de programação, o reflexo da cultura atual do nosso país?
Se assim é, regredimos na cultura?
Ou sempre fomos assim, tivemos foi, no passado, programas que estavam desenquadrados com a cultura de então?

Reconheço, também, que poderei eu estar errado! 

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