Num destes sábados, à tarde,
resolvi não fazer nada e sentar-me em frente à televisão para ver o que elas
tinham para me oferecer. De zapping em zapping, ia sempre dar ao mesmo, os três
canais de sinal aberto estavam em sintonia. Todos passavam programas muito
semelhantes com apresentadores, na minha opinião, um pouco “apimbalhados” e que
passavam o tempo a pedir para as pessoas ligarem para um tal numero (706
qualquer coisa) que, ao que parece, anda a ser uma boa fonte de receita para as
televisões. Anunciam, que a pessoa que for sorteada será contemplada com uns
milhares de euros.
Pelo que percebi, estes programas
têm dois momentos. Um em que um artista canta e outro em que um apresentador
pede, ou melhor, implora para que liguem para o número de telefone. Estes dois
momentos vão alternando ao longo do programa e assim se passa uma tarde. (Não a
minha porque ao fim de meia hora estava farto do programa e mudei para um canal
informativo). Num dos canais, o apresentador, fazia o pedido para ligarem de
uma forma tão sofredora e apelativa, que me pareceu estar, o trabalho dele,
dependente do número de telefonemas que conseguisse nessa tarde.
Fiquei tão preocupado com a
programação das televisões que, no dia seguinte, domingo à tarde, por curiosidade
liguei a televisão e fui ver o que estava a dar. Apenas tinha mudado o cenário
(agora ao ar livre), o género era o mesmo. Um cantor logo seguido dos
apresentadores a pedirem, para as pessoas ligarem.
Não consegui contar a quantidade
de vezes que ouvi os apresentadores dizerem “ligue para o numero ….., ligue
agora”, “não deixe fugir esta oportunidade”,…. Passaram o programa, pelo menos
enquanto eu estive a ver, a dizer a mesma coisa.
Dei comigo a pensar no ponto a
que chegou a programação das televisões em Portugal. Que pensará o Júlio Isidro
ou o Fialho Gouveia (ainda que noutro mundo) sobre a programação atual das
televisões portuguesas que emitem em sinal aberto? Não querendo ser saudosista,
recordo os programas das tardes de sábado e domingo de alguns anos atrás, com
os apresentadores que referi e outros.
Será, este tipo de programação, o
reflexo da cultura atual do nosso país?
Se assim é, regredimos na
cultura?
Ou sempre fomos assim, tivemos
foi, no passado, programas que estavam desenquadrados com a cultura de então?
Reconheço, também, que poderei eu estar
errado!
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