Nos últimos dias, muito se tem falado da meia hora extra a que todos os trabalhadores do sector privado vão estar obrigados. Compreendo que se queira dar uma imagem de empenho ao exterior, mostrando que existe vontade de todos para que Portugal saia da crise o mais rápido possível, … mas com meia hora a mais?
Como é que se vai fazer nas empresas que trabalham por turnos consecutivos? Se a empresa já trabalha 24 horas por dia, como é que os funcionários de um turno vão trabalhar meia hora a mais? Reduzem a hora de almoço? Trabalham meia hora juntamente com o turno seguinte? Vão trabalhar ao domingo duas horas e meia para justificar a meia hora que não puderam trabalhar durante a semana? Então e se os empregados estiverem na modalidade de teletrabalho? Como é que o patrão sabe se trabalharam mais meia hora? Neste caso ele nem sabe se trabalharam 8 horas, quanto mais saber se trabalham mais meia hora por dia.
É ridículo? Claro que é ridículo o que aqui foi exposto. Penso que não é mais meia hora por dia que fará a diferença. Poderá haver um ou outro sector de actividade que beneficie desta medida, talvez mais a industria que os serviços. Produzir a custos mais baixos para exportar mais, pode ser uma solução. Pedir mais sacrifícios aos trabalhadores portugueses em nome de crise é não ter a noção do limite a que se pode chegar nesses sacrifícios. Quem já paga impostos elevados, IMI, IRS, IVA, Taxas Moderadoras, Portagens, etc … ainda deve trabalhar mais meia hora por dia?
Querem tornar os produtos portugueses mais competitivos? Baixem o IRC às empresas, baixem a taxa social única e tornem os tribunais mais céleres na resolução dos processos. São só três medidas, haveria muitas mais, umas com custos para o estado, outras apenas com alteração de Leis. Não sou jurista, no entanto, acredito que se houvesse mais rapidez na resolução de processos judiciais, a competitividade das empresas portuguesas seria muito maior. Para além da morosidade da justiça, os custos são elevados.
Parece-me que a ideia é trabalhar mais meia hora para que haja mais liquidez das empresas e assim não terem tanta dificuldade em pagar os elevadíssimos impostos a que estão sujeitas.