terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O país que temos …


A insustentabilidade do sistema social português está a levar os nossos governantes a cortar alguns dos direitos até agora dados como adquiridos. Cortes no subsídio de férias, subsídio de natal, trabalho de mais horas e aumento de taxas moderadoras, são algumas das medidas levadas a cabo pelo actual governo. Fala-se de erros cometidos no passado pelos anteriores governantes para se justificar as actuais medidas tomadas.
Até há bem pouco tempo, era um autentico deslumbre olhar para as obras feitas. Qual era o comum dos cidadãos portugueses que, há 10 ou 15 anos atrás, imaginava ver hoje Portugal cheio de dívidas e com o acesso vedado aos mercados financeiros? – Ninguém, ou quase ninguém! Eram tantas as obras feitas pelos governos e tantas as que estavam projectadas que, confesso, também eu, em determinada altura, acreditei que vivíamos num país com bons recursos económicos. Quando vimos os belíssimos estádios construídos ou terrenos que não passavam de um amontoado de lixo tornar-se num belíssimo parque Expo, quando vimos Portugal rendilhado com confortáveis estradas, quando vimos ser criado um rendimento “dito de” mínimo, quando ouvimos planear-se a construção de um novo aeroporto, quando ouvimos falar-se da introdução de linhas TGV, … quem não gostou? Deslumbre e orgulho na obra feita e alguma desconfiança nas obras planeadas, pois, quando se falava desta ultimas, já havia um ruído que levantava suspeitas da sustentabilidade económica para as financiar.
Hoje sentimos na pele o custo de todas estas obras. O endividamento exagerado, e a fraca produtividade, foram alguns dos condimentos que nos levaram a perder credibilidade a nível internacional. Aqueles que hoje criticam o actual governo pela submissão às regras impostas por países com economias ditas mais fortes, esquecem-se que esta submissão é a consequência dos erros do passado. De que valeria “dar um murro na mesa” e levantar a voz ou dizer que não aceitamos? O mais certo seria fazer um calo ou uma tendinite na mão de tanto murro dar e, ao mesmo tempo, ficar afónico de tanto berrar pois ninguém nos iria ouvir. O melhor será negociar, se bem que, mesmo não conhecendo pormenores, penso que a nossa margem de negocial é baixa, no entanto deverá ainda haver alguns trunfos que nos possam dar alguma margem de manobra, mas nunca cortar radicalmente ou dizer não aceito.
Tenho esperança, se bem que pouca fé, de que iremos vencer e transpor mais esta batalha. Há muito que perdi a confiança nos políticos que nos governam. Da direita à esquerda, salvo algumas excepções, não vejo solução nem credibilidade nos nossos políticos para que governem o país. Não acredito em políticos que dependem da política para manter o nível de vida que atingiram, políticos que enriqueceram com a política. Estes, serão sempre submissos a ordem superiores mesmo que não concordem com elas. Falo de políticos medíocres, com baixos níveis de personalidade. Aqueles a quem Medina Carreira apelidou de Ostras (carapaça dura e pouco miolo).
Sempre que vejo um governo formado por pessoas que nada têm a ver com a política, que não dependem dela para viver, fico na esperança que haja mudanças positivas, que se governe com os olhos postos no futuro e não com uma visão limitada a círculos de interesse pessoais. Espero que a crise actual seja o ponto de viragem, que origine uma lavagem de mentalidades e de politicas para que no futuro haja mais quem governe do que quem se governe.

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