Depois de ler o livro “Cercado”
de Fernando Esteves, consegui cimentar algumas certezas ao mesmo tempo aumentei
as minhas dúvidas!
O livro relata passagens da vida
de José Socrates antes da sua detenção. Pelo que li, os indícios de crime são
muitos e fortes. Desde a sua passagem pela Câmara Municipal da Covilhã até
chegar a Primeiro-ministro, existem relatos, no livro, de situações menos
claras. O autor do livro, como era de esperar, não dá certezas, limita-se a
relatar dados apresentados pelo ministério público e a transcrever aquilo que
foi surgindo na época na comunicação social.
Daquilo que li, o que mais me
preocupou foi o relato da destruição dos DVDs que continham as escutas telefónicas,
facto muito falado na altura. Se realmente o acusado se sente inocente, porque
não impediu a destruição e permitiu que fossem públicas as escutas? – Diz a
sabedoria popular que quem não deve não teme. Fico, tal como talvez muitos
portugueses, com a sensação de que era nestes DVDs que estaria o inicio da
solução do caso…
Depois de ler o livro, e sabendo
que o ex-primeiro-ministro não foi contemplado com nenhum prémio da Santa Casa,
como é possível viver da forma que ele viveu nos últimos anos? No livro,
podemos encontrar relatos de movimentos elevados em dinheiro entre Socrates e o
seu amigo Carlos S. Silva. A justificação dada é que eram empréstimos entre
amigos. Empréstimos de valores tão elevados, quando seriam pagos? Qual a actividade
profissional de Socrates para conseguir rendimentos suficientes para pagar
esses empréstimos? Será que não eram empréstimos mas sim presentes de um amigo?
– Que rico amigo este!
Este é um caso que poderá levar
anos a resolver, se é que será resolvido no sentido de se saber se o arguido é culpado
ou inocente. O mais provável é prescreverem os crimes de que é acusado.
Infelizmente este não será caso único
no país, talvez seja o de maiores dimensões. Corrupção, branqueamento de capitais,
compadrio, e muitos outros crimes, são relatados quase todos os dias na
comunicação social. É pena os organismos competentes não poderem averiguar mais
casos com indícios de crime!
Outras das situações que me
preocupou, se bem que já tinha uma ideia sobre o assunto, foi o facto de as
entrevistas serem combinadas entre o entrevistado e o jornalista. Combinam o
que perguntar, quais os assuntos que não serão levantados, etc. Gostei de saber
que há jornalistas que não vão nessa onda e que exercem a sua profissão com
muito profissionalismo.
Muito haveria a comentar sobre o
livro, o melhor é lê-lo!
Partilhei aqui algumas das minhas
dúvidas, as certezas, se é que as tenho, ficam para mim...