E os estaleiros de Viana? Ui,
aquilo anda quente! Mais de 600 trabalhadores convidados a sair. Fala-se que
menos de duzentos serão novamente contratados… É estranho, muito estranho!
É sabido que a Martifer ficou, há
já alguns anos, com a concessão de uma outra empresa do ramo em Aveiro, a
Navalria, S.A.. Concluo que a Martifer já terá alguma experiencia na área, logo
saberá porque necessita de cerca de duzentos e não seiscentos trabalhadores.
Preocupa-me os quatrocentos
trabalhadores que ficarão sem trabalho. Ao mesmo tempo pergunto se, até hoje,
terá havido trabalho nos estaleiros para toda esta gente. Seriam todos necessários?
Não sendo, porque é que ainda lá estavam? Quando foram contratados eram mesmo
necessários? Como entraram para os quadros da empresa. Terá havido concurso de
admissão? Ou terá sido, como em muitas outras ocasiões, em que se entrava
porque o chefe é amigo da família? Também, se assim fosse, não seria caso único
no país.
Se a Martifer ficou com a
concessão dos estaleiros, não será, certamente, para perder dinheiro. Será com
certeza para produzir e para rentabilizar.
Parece-me que os Estaleiros de
Viana são mais uma entre muitas empresas do Estado, onde não foram feitos os
rastreios na devida altura e agora a doença é maligna.
Pelo que me dá a entender, nas
empresas públicas, nunca foi preocupação dos gestores saber se as empresas eram
rentáveis ou não. Casos como RTP, PT, CP, TAP, EDP, Estaleiros, Metro,
Transtejo, entre muitas outras, são disso exemplo. Casos de autênticas
sague-sugas, sumidoras do erário público. Gestores que se auto promoviam, que
se auto avaliavam, que definiam os seus próprios vencimentos e os mais variados
prémios a si o por si atribuídos. Alguns sentiam-se como “Alice no país das
maravilhas”.
Sempre defendi que quanto menos
Estado gestor nas empresas, melhor para todos. Pelo menos da forma que as
coisas têm sido feitas, com cargos de chefia de nomeação politica. Basta nas
campanhas abanar umas bandeiras e já se tem um poleiro. Pessoas sem experiência
nenhuma na vida empresarial postas em Conselhos de Administração, ou como
executivos nas empresas do Estado deu no que deu. Prejuízos acumulados ao longo
dos anos sem que o Estado fizesse nada, ou melhor, fez, injetou dinheiro para
cobrir os prejuízos que os seus protegidos boys iam acumulando. Grande festa, os
gestores erravam o Estado injetava. Alterava o Governo, alteravam-se os cargos
de nomeação nas empresas e tudo continuava na mesma.
Nunca houve coragem para mudar,
para mostrar alguma sensatez nas decisões dos gestores.
É necessário parar com as
nomeações políticas nas empresas onde o Estado tem participações. As empresas
não são cobaias para enriquecimento curricular, e sabe-se lá de mais o quê, de
políticos. É necessário deixar que os quadros internos das empresas sejam
motivados pela aspiração aos lugares de chefia. Eles são quem melhor conhece as
empresas e o ramo de negócio.
Não vejo, nos atuais políticos,
capacidade para fazer de Portugal um país atrativo para investidores
estrangeiros, para fazer de Portugal um país respeitado, para por as contas públicas
equilibradas. Quando falo dos atuais políticos não me refiro apenas ao Governo,
falo de todas as bancadas da Assembleia da República. O país precisa de gente séria
e de trabalho que não procure o estrelato, mas sim o bem-estar de todos. Não
precisamos de oposições que o são apenas por serem. Precisamos de oposições que
quando tiverem de estar ao lado do governo lá estejam. Que ponham a Nação acima
de tudo. Precisamos de governos que reconheçam quando erram, que deem razão à
oposição quando ela merece.
Nada disto acontece e todos
sabemos porquê. Os olhos dos políticos estão sempre postos nas eleições, há que
agradar ao eleitorado. Uma medida impopular do Governo, mesmo que necessária, é
sempre uma arma para a oposição. O mesmo acontece quando a oposição faz uma
proposta válida, necessária a Portugal. O Governo não a aceita porque seria dar
parte de fraco, seria mostrar ao seu eleitorado que as suas ideias
esgotaram-se, ao mesmo tempo, se a proposta da oposição fosse aceite pelo
Governo, seria mais uma vez aproveitado pela própria oposição para dizer que eles
é que têm ideias para salvar o país e assim provocar uma onda de insatisfação
para com os Governo. Mediocridade, é disso que falo.
O povo já se apercebeu disto, a prova
está na cada vez maior abstenção nos atos eleitorais. Não tardará muito tempo
em que teremos governos eleitos com percentagens muito abaixo dos cinquenta por
cento. Que legitimidade terá um governo eleito por menos de metade dos
eleitores? – … não sei responder!
Não vejo os políticos preocupados
com isto, como não os vejo preocupados com muitas outras coisas, como é o caso
da baixa taxa de natalidade. Este é um assunto que me preocupa bastante.
Destruiu-se o pouco que havia para incentivar a natalidade. Dentro de poucos
anos sofreremos pelos erros agora cometidos. O tempo o dirá.