Uma coisa é certa, e disto não
tenho dúvidas, Portugal, dificilmente voltará ser o que era. Por mais que nos
custe, temos de nos adaptar à nova realidade. Todos os que adiarem essa
adaptação, resistindo a ela, estão a ser ultrapassados por aqueles que já se
adaptaram e que com isso estão a construir o seu futuro numa base mais real,
ainda que injusta. Não sou contra as manifestações, mas por vezes sinto que, da
forma que são feitas, não passam de um sedativo para muita gente. Defender os
nos interesses e direitos é um dever ou até mesmo uma obrigação. Não se pode é
confundir direito com regalia. De que vale defender uma regalia se já não
existe base para a sustentar?
A vida é feita de ciclos, neste
momento, estamos a terminar um e a iniciar outro, sempre foi assim. Se olharmos
para o passado, não muito distante, iremos encontrar classes sociais que
perderam as suas regalias “adquiridas” porque um ciclo terminou. Por exemplo, as
pessoas ligadas à monarquia, após 1910, ou aceitaram a republica ou ficaram
para trás. Muitos dos que aceitaram o novo regime conseguindo adaptar-se e fizeram
sucesso. Outro caso, os empregados do Estado na época do Estado Novo, no caso da
PIDE, após 1974, ou se adaptaram e aceitaram o novo regime ou ficaram para
trás. Muitos dos ex-membros da PIDE formaram carreiras de sucesso num regime
que não era o que defendiam anteriormente.
Atualmente, não é de regime que
se fala mas de sustentabilidade de um modelo que se esgotou, foram aproximadamente
vinte anos dourados. Para se manter o modelo, ou criamos riqueza que permita a sua
sustentabilidade, ou continuamos a pedir dinheiro emprestado. Já vimos que a
nossa credibilidade como devedores não é a melhor. Hoje só nos emprestam
dinheiro se aceitarmos que os nossos credores nos vigiem e ditem as regras para
a plicar esse dinheiro.
Não quero que as pessoas se acomodem
às imposições “troikanas”, mas que se adaptem, inovando e empreendendo, o quanto
antes para que, no futuro, não tenhamos que ter terceiros a ditar-nos as regras.